Hoje, 9 de junho, faz sete meses do desaparecimento da liderança mapuche.
Julia Chuñil Catricura é uma liderança chilena da comunidade mapuche Putreguel, situada na comuna de Máfil, na região de Los Ríos. Mãe de 5 filhos e avó de 10 netos, Julia Chuñil tem 72 anos. Ela habita uma casa localizada em terreno de retomada pela comunidade indígena, onde atua como defensora de um território de 900 hectares de floresta nativa, no qual desapareceu, juntamente com seu cachorro Cholito. Seu paradeiro é desconhecido há 7 meses, desde 9 de novembro de 2024. Devido às ameaças que recebia de empresários da região, ela já havia declarado: “Se algo acontecer comigo, já sabem quem são os responsáveis”.
Diversas coletividades vêm denunciando o seu desaparecimento e pedindo uma investigação urgente e transparente do caso. O coletivo Cueca Sola, por exemplo, realizou junto a mulheres mapuche vários ayekanes (intervenções políticas e culturais), com a intenção de visibilizar o desaparecimento de Julia Chuñil.
Francisca “Pancha” Fernández Droguett, integrante do Cueca Sola e do Movimiento por la Defensa del Agua y los Territorios (MAT), afirmou ao periódico argentino Página12 que “houve manifestações literalmente de Arica a Chiloé [do norte ao sul do Chile], em homenagem a Julia Chuñil e seu cachorrinho Cholito. Estamos mobilizadas, diariamente”.

O MAT denuncia que, ao invés de procurar os responsáveis, a Promotoria de Los Ríos tentou culpar a família de Julia Chuñil pelo desaparecimento, utilizando formas de intimidação e tortura. O movimento mobilizou para a convocatória de um ato político e cultural no último domingo, 8 de junho, na capital chilena. Organizado pelo “Espacio Día a Día por Julia Chuñil”, o ato visibilizou os sete meses do desaparecimento e, segundo informações do La Izquierda Diario, reuniu mais de 200 participantes, com a presença de organizações ambientais, estudantes e diversos grupos políticos e sociais.
Na América Latina, não são raros os questionamentos sobre o paradeiro de defensoras e defensores da terra e do meio-ambiente. De acordo com relatório da Global Witness, a região tem sido a mais afetada pela violência contra quem defende seus territórios. Na maior parte dos casos, essa violência se manifesta através de intimidações e ataques perante a proteção contra o desmatamento e os danos causados por megaprojetos.
As mobilizações diante do desaparecimento de Julia Chuñil apontam para a relevância do fortalecimento das ações e articulações coletivas comprometidas com a segurança e a vida das defensoras e defensores – não só no Chile, mas em toda a América Latina e, igualmente, em escala internacional. Queremos respostas e vamos continuar a indagar “Onde está Julia Chuñil?” até que ela seja encontrada.
#dondeestajuliachuñil