O dia 28 de julho de 2024 marcou um momento de profunda união, força e celebração para as mulheres negras, latino-americanas e caribenhas que marcharam pelas ruas do Rio de Janeiro. Agora, esse espírito vibrante se renova, impulsionando a mobilização para as Marchas Estadual e Nacional das Mulheres Negras de 2025, que marcam 10 anos desse importante movimento.
Em 2024, a mobilização no Rio começou com um amanhecer à beira-mar, em um banho de mar que as participantes descreveram como um "momento único de cuidado e fortalecimento das águas de nossa Rainha". A ideia de "quem cuida de quem cuida" ecoou entre as mulheres, que se reuniram com suas crianças em um instante de amor-próprio e conexão, um gesto que traz a tona a importância da pauta do auto-cuidado e cuidado coletivo para a jornada de 2025.
A concentração oficial, que teve início às 9h, transformou o espaço em um ponto de troca de energias e reencontros de companheiras de luta. "Estávamos ali sincronizadas e radiantes, ocupando um espaço que normalmente estamos ocupando com o trabalho. Mas ali, ocupamos com nossos corpos em luta, em marcha, com sorriso e muitas cores", relatou uma das participantes, capturando a essência daquele dia.
Para as mulheres negras e faveladas, a marcha teve um significado especial. O mês de julho de 2024 foi dedicado a discussões sobre as desigualdades, o racismo, o acesso a direitos e a saúde da mulher negra. O ponto alto da manifestação foi no Posto 3, onde a autoafirmação e o engajamento de donas de casa, jovens e crianças se tornaram um marco. "Pudemos levar a dona de casa, a jovem, as crianças pra uma militância que não tem caminho de volta", enfatizou uma das organizadoras.
O coro de "Vem, vem pra marcha vem, é mulher preta!", entoado por Noãh, filho de uma das companheiras, no encerramento do evento, simbolizou a esperança e a continuidade da luta. A voz doce e inocente da criança, celebrando a experiência vivida, ressalta a importância da caminhada e a motivação para seguir acreditando e marchando por dias melhores, por direitos, por igualdade, por existir.
O Legado de 2024 e o Impulso para as Marchas de 2025
A força e a representatividade da Marcha das Mulheres Negras, Latino-Americanas e Caribenhas de 2024 no Rio de Janeiro servem agora como um poderoso alicerce para as mobilizações que se avizinham. A experiência de ocupar os espaços, celebrar a ancestralidade e denunciar as injustiças vividas por essas mulheres é um chamado à ação para as próximas marchas.
Com a Marcha Estadual, realizada no final de julho e Marcha Nacional das Mulheres Negras de 2025 a ser realizada 25 de novembro em Brasília, a mobilização ganha ainda mais relevância. A energia gerada no Rio, o reencontro de companheiras de luta e a visibilidade de corpos que normalmente estão à margem da sociedade, são combustíveis para levar essa luta a um nível nacional. A pauta de desigualdades, racismo, acesso e saúde, amplamente discutida em 2024, será reafirmada e potencializada em 2025, buscando a reparação e o bem viver para todas.